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No nosso blog: Brasileiros, Norte Americanos, Portugueses, Canadenses, Russos, Ingleses, Italianos, Eslovenos, enfim, todos que gostam da cultura Brasileira e que tem nos acompanhado.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ariano Suassuna representará Brasil na disputa por Nobel


O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, 84 anos, foi escolhido pelo Senado como "candidato oficial" do Brasil ao prêmio Nobel de Literatura. A indicação, feita pela Comissão de Relações Exteriores da instituição, foi aprovada nesta segunda-feira (dia 28). Agora, o encaminhamento do nome de Suassuna à Academia Sueca será feito com colaboração do Itamaraty.


Ariano Suassuna / Foto: Divulgação

 Calcula-se que a Academia Sueca receba milhares de indicações por ano - a entidade não divulga quais candidaturas foram aceitas ou não. O vencedor é anunciado em outubro, a partir de uma lista de cinco finalistas.

O jornalista e editor Cassiano Elek Machado considera a escolha de Suassuna "excelente" para a literatura do país. "Ele é um dos autores brasileiros mais importantes do século 20, que criou uma maneira de narrar e um universo simbólico muito ricos", diz. "Mas é preciso saber até que ponto ele é bem traduzido e publicado no exterior. Sem isso, é muito difícil que o Nobel seja dado para ele."

"É uma batalha", resume Flavio Moura, ex-curador da Festa Literária de Paraty (Flip), ao comentar o quanto é difícil para autores brasileiros serem publicados em outras línguas. "Machado de Assis é publicado nos Estados Unidos, Clarice Lispector na França, Jorge Amado é bastante traduzido. Mas, entre os vivos, tirando o Paulo Coelho, é muito difícil."

Suassuna já teve obras traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, holandês e polonês. Mas não para o sueco, língua dos eleitores do Nobel. Outra dificuldade é que faz relativamente pouco tempo que a lígua portuguesa foi premiada - 1998, com José Saramago. E o penúltimo ganhador é sul-americano: o peruano Mario Vargas Llosa.

Por outro lado, a relevância política e econômica que o Brasil ganhou nos últimos anos pode ser um fator positivo. "O Nobel tem uma questão geopolítica que não pode ser esquecida", explica Machado. Nesse sentido, a obra de Suassuna ganharia pontos por ser "tipicamente brasileira".

"Ariano Suassuna é um autor muito ligado a um tipo de pós-regionalismo. Há uma identificação grande entre a obra dele e o Brasil que o estrangeiro quer ver", diz Flavio Moura. "Isso não acontece, por exemplo, com autores de importância parecida, como Rubem Fonseca e Dalton Trevisan."

Nascido na Paraíba em 1927, Suassuna mudou-se para Pernambuco na década de 1940. Em 1947, escreveu sua primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol". Na década de 1950, produziu obras como "O Auto da Compadecida" (1955) e "O Santo e a Porca" (1957), incontornáveis para quem quer entender a literatura brasileira do século 20.

Na década de 1970, lançou o Movimento Armorial, com o objetivo de criar arte erudita a partir de elementos da cultura popular, como literatura de cordel e música de viola. Seu livro "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", de 1971, é baseado nesses preceitos.

O Nobel é o mais importante prêmio de literatura do planeta. Instituído em 1901, é concedido anualmente a um autor pelo conjunto de sua obra. Os vencedores são escolhidos pela Academia Sueca. O valor do prêmio é de cerca de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,75 milhões.

Até hoje, José Saramago foi o único escritor em língua portuguesa a ganhar o Nobel. Entre os brasileiros, o baiano Jorge Amado e o pernambucano João Cabral de Melo Neto já foram citados como possíveis concorrentes. Mas eles morreram em 2001 e 1999, respectivamente, sem serem premiados.

Veja abaixo os últimos ganhadores do Nobel de Literatura:

2011 - Tomas Tranströmer (Suécia)
2010 - Mario Vargas Llosa (Peru)
2009 - Herta Müller (Alemanha)
2008 - Jean-Marie Gustave Le Clézio (França)
2007 - Doris Lessing (Inglaterra)
2006 - Orhan Pamuk (Turquia)
2005 - Harold Pinter (Inglaterra)
2004 - Elfriede Jelinek (Áustria)
2003 - John M. Coetzee (África do Sul)
2002 - Imre Kertész (Hungria)
2001 - Vidiadhar Surajprasad Naipaul (Trinidad e Tobago)

Veja as principais obras de Ariano Suassuna:

1947 - "Uma Mulher Vestida de Sol"
1949 - "Os Homens de Barro"
1950 - "Auto de João da Cruz"
1952 - "O Arco Desolado"
1953 - "O Castigo da Soberba"
1954 - "O Rico Avarento"
1955 - "Auto da Compadecida"
1957 - "O Casamento Suspeitoso"
1957 - "O Santo e a Porca"
1958 - "O homem da Vaca e o Poder da Fortuna"
1959 - "A Pena e a Lei"
1960 - "Farsa da Boa Preguiça"
1962 - "A Caseira e a Catarina"
1971 - "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta"
1976 - "História d'O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao sol da Onça Caetana"
1980 - "Sonetos com Mote Alheio"
1985 - "Sonetos de Albano Cervonegro"
1987 - "As Conchambranças de Quaderna"

Fonte: iG

Câmara aprova PEC da Cultura; Jandira ressalta vitória do povo


A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta feira (30) — em primeiro turno, por 361 votos a 1 — a Proposta de Emenda à Constituição- PEC 416/2005, que estabelece os princípios do Sistema Nacional de Cultura, como a ampliação progressiva dos recursos públicos para o setor.


O texto aprovado é o substitutivo da comissão especial que analisou a proposta e inclui todos os órgãos governamentais, planos e sistemas de financiamento e de informações culturais na estrutura do Sistema Nacional de Cultura.

A ideia é aperfeiçoar a colaboração entre municípios, estados e União na gestão conjunta de políticas públicas de cultura. Entre os princípios constantes do texto estão a universalização do acesso a bens e serviços culturais, a complementação dos papéis dos agentes culturais, a democratização dos processos decisórios e a descentralização da gestão.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que preside a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, afirmou que essa uma vitória é “da cultura brasileira” e reafirmou que “o povo brasileiro será o maior beneficiado com a aprovação da PEC.”

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), autor da proposta, ressaltou que a PEC estabelece que a cultura é prerrogativa de todos. "A PEC define um conjunto de iniciativas que vão proporcionar não só a ampliação dos investimentos como também o aumento de programas que vão fazer com que o acesso à cultura chegue de maneira plena a todas as camadas sociais, em todo o país", disse.

A aprovação também foi comemorada pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que acompanhou a votação do Plenário. Para ela, a proposta vai tornar clara a relação entre os entes federativos (União, estados e municípios) na área da cultura. "Vai se efetivar toda a relação entre os entes para construir uma política de Estado, que represente a diversidade do Brasil como um todo", disse.

Como a PEC trata apenas dos princípios, o sistema deverá ser regulamentado por lei federal, que também tratará da articulação com os outros sistemas nacionais ou políticas setoriais de governo. Nos estados, no Distrito Federal e nos municípios, leis próprias deverão organizar os respectivos sistemas.

Participação democrática

Segundo o autor da PEC, o sistema deve acolher os conselhos de cultura, os fundos do setor e as formas de participação democrática e descentralizada dos produtores culturais e das comunidades em geral. “Assim, estabelecem-se as bases para implantar os componentes das políticas culturais: formação, criação, produção, distribuição, consumo, conservação e fomento”, afirmou Pimenta.

A PEC ainda precisa passar por um segundo turno de votação, antes de ser enviada ao Senado.


Informações da Agência Câmara

segunda-feira, 28 de maio de 2012

ONG Gotas de Amor realiza ampla campanha para implantação de Núcleos de Solidariedade


FOTO: DIVULGAÇÃO

BARRA MANSA
Voluntários da ONG Gotas de Amor fizeram durante toda essa semana a Campanha Mais Amor por Barra Mansa com panfletagem no comércio local e em empresas com a finalidade de divulgar os trabalhos socioassistenciais desenvolvidos pela entidade durante os sete anos de sua existência.
Segundo o presidente do Conselho Executivo da ONG, Thiago Afonso, foi feito no ato da divulgação que teve início na semana passada, contatos pedindo a doação de itens essenciais ao combate à miséria. A organização desenvolve o Programa de Combate a Fome e Erradicação da Miséria (Pcem), por meio do qual são monitoradas as famílias em vulnerabilidade e risco social. “Conseguimos a doação de sapatos novos que não foram vendidos e estão fora de circulação. Esses calçados serão distribuídos nos seis Núcleos de Solidariedade e Cidadania espalhados por mais de 15 bairros da cidade”, comemorou Thiago Afonso.
Nos primeiros dias de panfletagem do jornal comemorativo, no centro da cidade, o resultado traz entusiasmo aos voluntários que pretendem expandir os programas sociais sem perder sua característica voluntária.
Paraíso de Cima
No último sábado, os voluntários realizaram a segunda reunião com lideranças do Assentamento dos Sem Teto, localizado no bairro Paraíso de Cima, com a finalidade de estruturar o Núcleo de Solidariedade e Cidadania. No local residem em barracos 161 famílias com hipossuficiência financeira. Thiago explica que para manter um núcleo se faz necessário novos voluntários devido à distância da área e a necessidade generalizada das famílias.
“Temos muitas famílias cadastradas em processo de superação da extrema pobreza. Para assumirmos mais bairros precisamos de reforços no voluntariado e também de novas empresas patrocinadoras. Por isso, estamos desenvolvendo a campanha de divulgação e outras formas de arrecadação de doações. Não prometemos o Núcleo, mas já demos início no combate a miséria no local distribuindo doações. Sem contar que já realizamos no Assentamento o Natal Solidário pela primeira vez no final do ano passado”, festejou Thiago Afonso.

Ziraldo cria cartilhas para contar história da Copa e Olimpíadas


O jornalista, caricaturista e escritor Ziraldo vai desenvolver uma série de cartilhas, em forma de gibis, para contar a história da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos. A ideia é disseminar a cultura esportiva para as crianças brasileiras, aproveitando que o país sediará a próxima Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. A iniciativa partiu do jornalista e será apoiada pelo Ministério do Esporte.


Ao todo, serão três cartilhas. A primeira contará as histórias dos cinco títulos mundiais da Seleção Brasileira de Futebol (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002) e da realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. A segunda terá o objetivo de explicar e apresentar para as crianças as modalidades que pertencem ao calendário dos Jogos Olímpicos. Já a última, apresentará histórias de superação dos campeões brasileiros das modalidades dos esportes paraolímpicos.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sugeriu que as cartilhas tenham o foco nas escolas. “Produzir esse tipo de conteúdo para as crianças é dar oportunidade para se ampliar a cultura da leitura. Temos que levar essas informações para as escolas públicas do país”, disse ele, durante reunião com o cartunista.

Os trabalhos de Ziraldo já foram utilizados em diversas outras ações do governo federal. Com imagens e textos leves, Ziraldo colabora com publicações que explicam temas para públicos que vão além do infantil. As cartilhas esclarecem termos, expõe a legislação relacionada ao assunto, contam histórias para conscientizar os leitores.

Para o Ministério do Trabalho, o artista produziu duas cartilhas, com o objetivo de esclarecer os malefícios que o trabalho infantil traz para a saúde e o desenvolvimento das crianças. Muitas gravuras coloridas ilustram textos sérios. “É claro que toda criança deve ser ensinada sobre o que é dever e o que são obrigações. (...) Mas nenhum adulto tem o direito de usar em seu benefício, nem no de sua família, qualquer vantagem que se possa ganhar com o trabalho infantil”, expõe a cartilha.

Por encomenda do Ministério da Educação, o autor elaborou cartilha voltada aos pais dos estudantes, alertando-os sobre a importância de acompanhar a vida escolar de seus filhos. “O interesse dos pais pela educação dos filhos é muito importante. As crianças e os jovens gostam de saber que os pais sentem orgulho por eles estarem estudando”, diz o autor, no início da publicação.

Já para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o artista cumpriu o desafio de explicar o significado da importante expressão Direitos Humanos. Com seu famoso personagem Menino Maluquinho como protagonista da história, o autor explica que “o justo é ser como você é, mas ter direitos iguais aos de todo ser humano”.

Fonte: Jornal do Brasil

Eventos homenageiam aniversário de Fernando Pessoa


Em junho, uma programação especial vai homenagear o aniversário de Fernando Pessoa, no Sesc Carmo, na capital paulista. Exposição, espetáculo teatral, shows, bate-papo e até um almoço especial vão celebrar os 124 anos de nascimento do poeta português.



Fernando Pessoa por Almada Negreiros 
 
“Pessoa atravessou os mares com suas obras. O que queremos é homenagear a obra dele e o que ela significou para a literatura mundial”, declarou Humberto Peron, responsável pele evento, que começa no dia 4 com a exposição Pessoa de Lisboa.

A ideia, segundo ele, é provocar o público com uma programação bem variada sobre o poeta que criou várias personalidades (heterônimos) para assinar sua obra. Entre as mais conhecidas estão Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. “A ideia é fazer com que as pessoas tenham um novo e outro olhar sobre Fernando Pessoa. A partir de algumas interações, elas vão adquirir informações e fazer uma nova leitura sobre as obras dele”, disse Peron.

No dia 25 de junho, por exemplo, o grupo da Fundação Pontedera, da Itália, vai apresentar o espetáculo Lisboa, a partir das 14h, no Largo São Bento, no centro da capital paulista. Os 11 atores e músicos do grupo, que já se apresentou em vários países, vão se movimentar em bicicletas pela região, em uma homenagem ao poeta português. “Durante essa performance, vão declamar poemas de Fernando Pessoa, convidando as pessoas a interagir com eles”, explicou Peron. 

Entre os dias 11 e 28 de junho, o público poderá acompanhar de perto o som produzido por instrumentos típicos portugueses, como a guitarra portuguesa e a viola de fado. O evento Notas de Portugal ocorre de segunda a sexta-feira, das 12h15 às 14h15.

A mostra Pessoa de Lisboa, que começa no dia 4, reúne várias imagens captadas pelo fotojornalista João Correia Filho, seguindo os passos de Pessoa em Lisboa. Correia Filho também fará uma palestra no evento sobre o livro Lisboa em Pessoa – Guia Turístico Literário da Capital Portuguesa. O bate-papo com o fotojornalista está marcado para o dia 13 de junho, às 19h.

Também no dia 13 de junho, o restaurante do Sesc Carmo vai servir uma Dobrada à Moda do Porto, nome inspirado em um poema homônimo de Pessoa. O prato é composto por feijão branco, dobradinha, pé de porco, toucinho, lingüiça calabresa, cenoura, tomate, cebola, louro, salsa, azeite, sal e pimenta. E será servido quente, conforme o gosto do poeta.

"Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,/ Serviram-me o amor como dobrada fria./ Disse delicadamente ao missionário da cozinha/ Que a preferia quente,/ Que a dobrada [e era à moda do Porto] nunca se come fria", disse Pessoa em seus versos.

Há também uma programação especial voltada para o público da terceira idade. Fado: Para Ouvir e Dançar é um show de variedades voltado para a terceira idade, com músicas de diversos ritmos e apresentações de danças típicas portuguesas.

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888. Pessoa morreu no dia 30 de novembro de 1935. 

Mais informações sobre a programação podem ser obtidas pelo telefone (11) 3111-7000 ou pelo portal www.sescsp.org.br.

Fonte: Agência Brasil

Jandira pede apoio para votar projetos de cultura na Câmara


A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) teve um encontro com o líder do governo na Câmara, dep. Arlindo Chinaglia (PT-SP), para pedir apoio na votação de dois projetos na área de Cultura: o Projeto de Lei de 2009 conhecido como Vale-cultura, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de 2005, que institui o Sistema Nacional de Cultura.


Jandira Feghali , que é presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, diz que “o povo brasileiro será o maior beneficiado com a aprovação destes projetos, mas para que isso aconteça, precisamos que eles sejam votados no Plenário da Câmara”. Chinaglia afirmou a Jandira que irá estudar a melhor maneira de ajudar para que os projetos vão à Plenário.

Depois de aprovado, o Vale-Cultura vai beneficiar com R$ 50 trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos. O dinheiro poderá ser usado, segundo a proposta, para a compra de livros, CDs e DVDs, ou para assistir a filmes, peças de teatro e espetáculos de dança.

Regime de colaboração
O Sistema Nacional de Cultura é o objetivo da PEC que altera o artigo constitucional que trata do patrimônio cultural brasileiro. Pela proposta, farão parte do novo sistema representantes dos governos municipais, estaduais e federal; instituições públicas e privadas ligadas à promoção, ao financiamento e à realização de atividades culturais e subsistemas complementares, como museus, bibliotecas, arquivos, etc.

Organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, o Sistema Nacional de Cultura institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes.

O objetivo é promover o desenvolvimento – humano, social e econômico –, regendo-se pelos princípios da diversidade das expressões culturais; universalização do acesso aos bens e serviços culturais; fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais, entre outros.

Com informações da Ass. dep. Jandira Feghali

Emir Sader: Quem é progressista e quem é de direita


Os dois maiores eixos do poder no mundo de hoje são a hegemonia imperial norte-americana e o modelo neoliberal. A direita se articula em torno da liderança política e militar norte-americana e desenvolve, em nível nacional e internacional, políticas de livre comércio e de mercantilização de todas as sociedades.


Por Emir Sader, em seu blog


Diante desse quadro, progressistas são, em primeiro lugar, os governos, as forças politicas e as instituições que lutam pela construção de um mundo multipolar, que enfraqueça a hegemonia imperial hoje dominante, que logre a resolução dos conflitos de forma política e pacifica, contemplando a todas as partes em conflito, ao invés da imposição da força e da guerra. O que significa fortalecer os processos de integração regional – como os latino-americanos – que priorizam o intercâmbio entre os países da região e os intercâmbios entre o Sul do mundo, em contraposição aos Tratados de Livre de Comércio com os Estados Unidos.

Se diferenciam, na América Latina, com esse critério, os governos de países como a Venezuela, o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Bolivia, o Equador, entre outros, que fortalecem o Mercosul, a Unasul, o Banco do Sul, o Conselho Sul-americano de Defesa, a Alba, a Celac, entre outras iniciativas que privilegiam o intercâmbio regional e se opõem aos Tratados de Livre Comércio com o Estados Unidos. Priorizam também o comércio com os países do Sul do mundo e as organizações que os agrupam, como os Brics, entre outras. São governos que afirmam políticas externas soberanas e não de subordinação aos interesses e orientações dos Estados Unidos.

Do outro lado do campo político se encontram governos como os do México, do Chile, do Panamá, da Costa Rica, da Colômbia, que priorizam esses tratados e favorecem o comércio com a maior potência imperial do mundo e não com os parceiros da região e com os países do Sul do mundo.

Em segundo lugar, progressistas são os governos, forças políticas e instituições que colocam o acento fundamental na expansão dos mercados internos de consumo popular, na extensão e fortalecimento das políticas que garantem os direitos sociais da população, que elevam continuamente o poder aquisitivo dos salários e os empregos formais, ao invés da ênfase nos ajustes fiscais, impostos pelo FMI, pelo Banco Mundial e pela OMC e aceitos pelos governos de direita.

Além disso, as forças progressistas se caracterizam pelo resgate do papel do Estado como indutor do crescimento econômico, deslocando as políticas de Estado mínimo e de centralidade do mercado, e como garantia dos direitos sociais da população.

Por esses três critérios é que a maioria dos governos latino-americanos – entre eles os da Venezuela, do Brasil, da Argentina, do Uruguai, da Bolívia, do Equador – são progressistas e expressam, a nível mundial, o polo progressista, que se opõe às políticas imperialistas e neoliberais das potências centrais do capitalismo internacional.

*Emir Sader é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

sábado, 26 de maio de 2012

Escritor brasileiro é vencedor do prêmio Camões Importante premiação concede a escritor curitibando reconhecimento Internacional


Brasília – Dedicação ao fazer literário e a imensa contribuição para a arte do conto em língua portuguesa fizeram com que o júri da edição 2012 do prêmio Camões concedesse a honraria ao escritor brasileiro Dalton Trevisan.
Por unanimidade, o contista curitibano transformou-se no 10º brasileiro a receber o prêmio e receberá o valor de 100 mil Euros pagos conjuntamente pelos governos do Brasil e Portugal.
O anúncio foi realizado em Lisboa pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.
O júri, presidido pelo brasileiro Silviano Santiago, disse que o trabalho de Trevisan representa uma escolha radical em favor da literatura como arte da palavra.
O prêmio é concedido pela Fundação Biblioteca Nacional, representando o Ministro da Cultura (MinC) do Brasil, e a Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, subordinada à Secretaria de Estado da Cultura de Portugal.
Com a premiação, Trevisan une-se a nomes como João Cabral de Mello Neto, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Saramago, Rubem Fonseca, Ligya Fagundes Telles, João Ubaldo Ribeiro, entre outros.
Em 2011, o vencedor do prêmio Camões foi o poeta e romancista português Manuel António Pina.
O Vampiro de Curitiba
Prestes a completar 87 anos, Dalton Trevisan marcou seu estilo pela aversão a aparições públicas, fato que lhe rendeu a alcunha de “o vampiro de Curitiba”, titulo de um de seus livros. Formado em Direito, chegou a atuar por 7 anos.
Inspirado nos habitantes da cidade, criou personagens e situações de significado universal, em que as tramas psicológicas e os costumes são recriados por meio de uma linguagem concisa e popular, que valoriza os incidentes do cotidiano sofrido e angustiante.
Publicou também Novelas Nada Exemplares (1959), Em Busca da Curitiba Perdida (1992), A Faca no Coração (1975), Arara Bêbada (2004), entre outros. Ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.
Premiação
Criado em 1988, o Prêmio Camões visa intensificar e complementar as relações culturais entre os países de língua portuguesa.
A escolha do homenageado cabe a uma comissão julgadora formada por seis especialistas com mandato de dois anos: dois deles brasileiros, dois portugueses e dois provenientes de outros países lusófonos.
Na 24ª edição, o professor da Unicamp Alcir Pécora e o acadêmico da UFF Silviano Santiago foram os representates do país no júri. Ambos foram indicados pela Fundação Biblioteca Nacional, que também fica responsável pelo pagamento ao premiado
(Texto: Marcos Agostinho, Ascom/MinC)

Formação e Capacitação em Cultura


Evento internacional será realizado na próxima semana, em Salvador, com a presença do MinC

Brasília – O Ministério da Cultura (MinC) estará presente no 1º Seminário Internacional de Formação e Capacitação em Cultura, a se realizar em Salvador, a partir desta segunda-feira, 28, e término no dia 30, no Teatro Vila Velha.
A secretária da Economia Criativa (em estruturação no MinC), Claudia Leitão, fará a conferência de abertura do evento, a partir das 9h15.
O tema que será abordado pela secretária é Por um Brasil Criativo: reflexões sobre a institucionalização e a construção de políticas públicas para a economia criativa brasileira.
A representante do MinC irá apresentar a criação da secretaria, determinada pela ministra Ana de Hollanda no ano passado, em processo de formalização.
Segundo a secretária, pensar em economia criativa no Brasil é pensá-la sob quatro premissas: diversidade cultural, inovação, sustentabilidade e inclusão social.
A SEC lançou no ano passado plano com diretrizes até 2014, em que elencou alguns desafios como a necessidade de levantamento de dados para desenhar as políticas para o setor.
Observatório
Claúdia Leitão também vai expor as ações que o MinC vem realizando para a economia criativa brasileira, antes mesmo da formalização da SEC.
No próximo dia 1º de junho será lançado o Observatório Brasileiro de Economia Criativa (Obec), vinculado a uma rede de observatórios estaduais, que irá levantar informações sobre o setor, mapeando as vocações dos territórios e quais políticas podem ser desenhadas.
Outro projeto importante é o Criativa Birô, um equipamento nos estados, onde os técnicos vão orientar os empreendedores criativos. Além da assessoria vai oferecer cursos e ajudá-los na organização de cooperativas e associações.
Programação do seminário
Às 11h30 do dia 28 será realizado um debate público com mediação da coordenadora geral de Estratégias e Gestão de Ações do Ministério da Cultura, Angela Andrade. Durante os três dias, o seminário vai seguir uma dinâmica de palestras e debates pela manhã e formação de mesas-redondas e grupos de trabalho à tarde.
Na terça-feira (dia 29), às 9h30, a professora associada do Instituto de Ciências Políticas de Lyon (França), fala sobre O acompanhamento dos atores culturais: que postura e que ferramentas para aquele que acompanha?
No último dia, o diretor adjunto e responsável pelas formações do Observatoire de Politiques Culturelles, Jean-Pascal QUILÈS fala sobre A experiência de uma instituição singular: o Observatório de Políticas Culturais (França).
O 1º Seminário de Formação e Capacitação em Cultura é uma realização da Universidade Federal da Bahia, com apoio da Capes, Fapesb, CNPQ, Secretaria Estadual de Cultura (Secult), Secretaria de Ciência e Tecnologia e do Consulado Geral da França para o Nordeste.
Acesse a programação completa do Seminário
(Texto: Neila Baldi, Ascom/SID; e Márcia Moreira, Ascom/RRBA/MinC)

100 anos de Nelson Rodrigues: Toda Nudez Será Castigada


Toda nudez será castigada
Em cena, comemorando os cem anos de Nelson Rodrigues

O espetáculo Toda Nudez Será Castigada, encenado pelo grupo Teatro Cidades (São José dos Campos), se transformou numa das mais belas homenagens ao dramaturgo brasileiro, 

Nelson Rodrigues, no ano do centenário de seu nascimento. 

Por Suely Pinheiro 


O traço que faz a diferença é ter fugido dos efeitos fáceis que exploram a sexualidade, como propaganda, tão comum em outras montagens. Esta encenação está muito longe disso, assume o conteúdo original do jornalista pernambucano, denunciando as entranhas do homem brasileiro suburbano da segunda metade do século 20. 

Todos os componentes mais importantes na dramaturgia de Nelson Rodrigues estão presentes na encenação com muita força e clareza, a começar pela cobiça, persuasão e, por último, a traição como vingança ou punição. O quarteto central formado por Adriana Barja, Andréia Barros, Vander Palma e Wallace Puosso é grande trunfo dessa montagem, assinado por Cláudio Mendel. Os demais atores fazem uma espécie de contraponto da trama central envolvendo, como já dissemos acima, a safadeza, a culpa e horror na exposição de suas entranhas. Esta diferença de tom nos fez perceber, por exemplo, um detalhe sórdido e impressionante da alma humana revelado pela peça quando "as tias" se apresentam uma patética aliança com "Geni", quase ao final, com o intuito de proteger, "Serginho", o jovem rebelde e sem nenhuma causa. 

Não é difícil se imaginar que tal equilíbrio cênico só foi possível, a partir de anos da convivência comum entre diretor e elenco. Até mesmo é possível notar na atuação da atriz, Izilda Costa (a mais nova no elenco), e Jean de Oliveira (ator convidado) uma pequena diferença de envolvimento no universo cênico. Isto reforça a tese de ser este um trabalho essencialmente coletivo e permanente e, ainda, a principal qualidade do grupo que parte agora, paralelamente à atual temporada ora analisada para mais um novo e ousado projeto, desta feita no universo de Anton Checkov. O trabalho se completa com a discreta atuação de Ana Cristina Freitas e Conceição Castro, além dos colabores eventuais como a de Madalena Machado, (figurino) e Gilmar Duenas (fotografia) que permitiram o belo registro.

Destacando ainda mais a diferença entre aquilo a que assistimos nesta montagem serão necessárias algumas palavras a respeito de outros trabalhos, envolvendo a obra de Nelson Rodrigues. Nada contra experimentações anteriores onde seus textos trilharam o caminho do escracho e da perversidade sexual, mas apenas fazemos algumas ressalvas quando identificamos nessa inspiração laços com uma certa "irresponsabilidade" transformando a dramaturgia "folhetinesca" de NR numa exposição sem critérios e bandeiras de "libertação". Os exageros tiveram início com a adaptação de sua dramaturgia para o cinema, na década de oitenta, que só teve fim quando paradoxalmente a TV Globo produziu a série do autor, com adaptações de suas crônicas, levadas para a "telinha" aos domingos após o Fantástico, demonstrando que nem sempre a teledramaturgia caminha no sentido contrário à boa encenação.

A alta qualidade de sua produção e elenco, distribuídos nos diversos episódios fizeram sepultar de vez aquele efeito fácil de se buscar, e muitas vezes conseguido, "fazer dinheiro" com a sexualidade do homem brasileiro. Pena que esta busca para novos efeitos tenham trazido à baila a "doença" infantil do experimentalismo. Felizmente, o trabalho em pauta é a grande exceção, contrariando a linha do "liberou geral", prova disso é que o dramaturgo e jornalista (também fanático torcedor de futebol), sempre navegou naquela linha limite entre a transgressão e o senso comum, daí muitas vezes sendo considerado "ícone da moralidade". Mera especulação! Seus achados, traduzidos em frases pra lá de provocativas nunca se transformaram em decretos morais e, sim, "alfinetadas" de que o homem quando movido pelo dinheiro, sexo e poder se transforma numa espécie quase próxima do verme. Seus personagens fedem álcool exalando um terrível mau cheiro de sovaco. Talvez, por esta razão, tenham escandalizado justamente a "grãfinalha" carioca dos anos cinquenta. 

Nelson Rodrigues abriu caminho para dramaturgos que vieram a seguir, porém, não souberam ainda encontrar o ponto de equilíbrio entre o social e as entranhas do indivíduo. Colocamos aqui, como exceção, apenas um outro "santo e maldito", Plínio Marcos, que como Nelson Rodrigues que não só atacou as maledicências dos conservadores, mas também dos assim chamados "revolucionários". 

O grupo Teatro Cidade deixa a impressão de ser um dos mais qualificados dentre muitos que trabalham hoje no Brasil, a ostentar com serenidade a tarefa de serem interpretes dos melhores textos que sustentam o teatro como a representação da alma humana e das contradições sociais de nosso tempo. Não cede as tentações mirabolantes da moda, seguindo com planejamento e perseverança metas mais nobres no teatro brasileiro - a formação de público, por exemplo.

Ficha Técnica

Espetáculo
: "Toda Nudez Será Castigada"
Direção: Cláudio Mendel
Elenco: Adriana Barja (Geni), Ana Cristina Freitas (Tia 1), Andréia Barros (Geni), Conceição Castro (Tia 2), Izildinha Costa (Tia 3), Jean de Oliveira (Sérginho), Vander Palma (Patrício) e Wallace Puosso (Herculano)
Orientação teórica: Silvia Simone Anspach; Produção Executiva: Flávia Amorim; Cenografia: Cláudio Mendel, Robson Jacquè e Wendy Caires; Figurinos: Madalena Machado; Iluminação: Daniel Augusto;Fotografia: Gilmar Duenas

Sede do Grupo: Centro de Artes Cênicas (CAC) Walmor Chagas - R. Netuno, nº 41 - Jardim da Granja - São José dos Campos (SP) 

Contato: telefone: (12) 3941-7631 / www.ciateatrodacidade.com.br/

Fonte: Portal Macunaima 

Brasilidade: a evolução do chorinho no sorriso dos chorões


Pixinguinha e Os Oito Batutas: sucesso em Paris, em 1921
Preconceito racial: - Os Oito Batutas: sucesso em Paris, portas dos fundos no Rio de Janeiro em 1928 (Pixinguina, 1º à direita da foto, de pé; Donga, 3º à esquerda, sentado)

A musicista norte-americana Julie Koidin mostra, pela voz dos músicos, a evolução do gênero musical brasileiro e a dificuldade que a música instrumental enfrenta no Brasil.


Por Marcos Aurélio Ruy* 



“Meu mundo ficou instantaneamente mais aquecido e brilhante quando o ambiente ao meu redor se inundou com os sons dessa música alegre e tecnicamente complexa, um híbrido europeu-africano que o Brasil chama de seu desde a década de 1870”. Assim a flautista Julie Koidin apresenta seu livro Os Sorrisos do Choro e mostra sua paixão pelo ritmo e pelo país que abraçou como seu. Ela veio ao Brasil para ampliar sues conhecimentos de seu objeto de pesquisa e, entra 2002 e 2003 entrevistou 52 chorões de várias partes do país, entre Altamiro Carrilho, Hermeto Pascoal, Sivuca, Joel Nascimento, Guinga, Paulo Mora, Luciana Rabello, Daniela Spielmann, Yamandu Costa. 

Julie Koidin, a flautista que o chorinho encantou

O ritmo de Antônio Callado, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim, Garoto, Waldir Azevedo, Radamés Gnatalli, Turíbio Santos, Raphael Rabelo, Baden Powell, Heraldo do Monte, Elton Medeiros, Pixinguinha e muitos outros, entrou em cena no Brasil imperial em meados do século 19 e constituiu a primeira música popular urbana genuinamente brasileira. Também consta que o primeiro a grafar em uma partitura o nome choro foi Antônio Callado na sua canção Flor Amorosa. Mas pela palavra dos próprios entrevistados vê-se Pixinguinha como o músico essencial para a transformação do gênero. Tanto que o dia 23 de abril, data de aniversário de Pixinguinha, foi determinado como o Dia Nacional do Choro.

Ao lado do desenvolvimento formal do gênero, o choro também registrou situações existenciais terríveis que ressaltam o preconceito racial. Um exemplo é uma das mais famosas composições de Pixinguinha. Ele, conta o flautista Altamiro Carrilho, "foi receber uma homenagem e não foi tratado com respeito". O grande músico "era o homenageado da noite, ia receber uma placa de ouro pelo sucesso que fizera na França, e um jornalista brasileiro chamado Assis Chateaubriand providenciou essa homenagem num hotel famoso aqui no Rio de Janeiro. Os porteiros receberam uma ordem e cumpriram. Pixinguinha e os membros do conjunto dele, chamado Os Oito Batutas, foram barrados na entrada, porque os negros deviam entrar pela porta dos fundos. E o Pixinguinha disse ao porteiro: 'lamento, mas sei que o senhor está cumprindo ordens'. E o porteiro disse: ' eu também lamento'. E entrou pela cozinha do hotel - cheiro de gordura, fritura, tudo. O Donga então disse: 'mas que absurdo, que vexame, que vergonha nós passamos!'. E o Pixinguinha: 'eu lamento, mas não vamos comentar mais esse assunto'. E novamente, antes de receber a homenagem, ele disse outra vez a palavra lamento quando alguém comentou o fato. Na saída, o Donga perguntou a ele: 'Pixinguinha você disse três vezes a palavra 'lamento', por que não escreve um choro com esse nome?'".

Outro instrumentista muito citado por todos é Jacob do Bandolim, considerado um perfeccionista e inovador do uso do instrumento. “A partir dele, acho que passou a existir outro instrumento, que eu chamo de ‘bandolim brasileiro’”, diz p chorão Afonso Machado. 

Koidin conta que certa vez disseram a ela: “se você é flautista, então tem que ouvir Altamiro Carrilho”. O flautista carioca contou a sua história e reclama da mercantilização da música e do abandono que a música instrumental sofre no país, relegada pelas emissoras de rádio e tevê. “Os programas que estão no ar são vergonhosos, exploram sexo, essa coisa toda, tipo Big Brother, não têm nada de arte”. Para Altamiro “os meios de comunicação estão travando as artes, bloqueando as artes. A verdadeira arte está escondida”.

Os ritmos nacionais mais conhecidos no exterior são o samba e a bossa nova. E ao se deparar com o choro Julie se encantou e começou a buscar novos conhecimentos sobre o ritmo brasileiro. Na medida em que foi aprofundando seu contato com o gênero, Julie se aproximou mais do país e seu interesse em conhecer a cultura brasileira cresceu na proporção de sua paixão pelo choro; por isso, diz ela, “o choro me encontrara, disso eu tinha certeza”.

Uma vez no Brasil, ela se estabeleceu primeiramente no Rio de Janeiro, berço do choro. Saiu a campo para entrevistar músicos relacionados ao ritmo e, por fim, publicar um livro. Ela queria saber mais sobre essa música instrumental sincopada, com origem semelhante ao jazz norte-americano. Como diz Luciana Rabello “são músicas da mesma raiz, na verdade, que se desenvolveram em lugares diferentes”. Para ela, “dentro do cenário da música instrumental do Brasil, o choro é a mais rica e a que oferece mais dificuldade técnica, a que faz a pessoa estudar mais”. Já Yamandu Costa afirma que “o choro é aquela música feita com seriedade, tem que ser ouvida com muito silêncio e tem que ser respeitada”.

Mas a mídia colhe mal o choro. Praticamente não há música instrumental nas rádios e muito menos na televisão. “Estamos no Brasil, mas eles procuram tocar mais música estrangeira”, reclama Darly do Pandeiro. Já Mauricio Carrilho acentua que “a grande indústria tem investido tudo numa música de vendagem rápida, que não tem futuro”. Para ele a “venda de droga musical é tão nociva e tão degradante para o homem quanto a de drogas químicas”. Predomina a pasteurização e a mercantilização e tudo vira produto descartável para ser substituído rapidamente. 

A música
A definição do nome choro gera polêmicas. José Ramos Tinhorão e Lúcio Rangel acreditam que ele deriva da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no século 19. Enquanto Ari Vasconcelos defende que seria uma corruptela de choromeleiros, espécie de bandas do Brasil colônia. Câmara Cascudo acredita que deriva de “xolo”, um tipo de baile dos escravos. 

Na verdade, “o que define um choro é o sotaque”, afirma Cristovão Bastos. Para ele, o mais importante é que “as pessoas sempre conseguissem manter a característica maior, que é a brasilidade”. 

Julie encontrou uma divisão em basicamente três correntes do choro. Uma tradicionalista, que não aceita alterações de espécie alguma; aqueles que desejam colocar tudo de ponta-cabeça; e finalmente os que preferem mudanças sem, no entanto perder as características principais do gênero. 

Paulo Moura diz com propriedade que “existe aquele choro que Altamiro toca que antigamente era tocado por um regional, mas é bem característico da vida de subúrbio do Rio, da música do Rio de Janeiro, bem carioca; e existe o choro dos cassinos, das big bands, que tem uma aceitação da expressão jazzística, da simpática expressão jazzística. Nesse choro existe improvisação. É nessa linha de choro que me sinto mais à vontade”. 

Mauricio Carrilho acredita que “o choro normalmente tem uns temas grandes, com três partes, muito extenso, com modulações surpreendentes o tempo inteiro... O choro é uma melodia que se basta, não é preciso improvisar, mas você pode improvisar, se tiver ideias”. 

Para Guinga “a arte só tem razão se você tentar movimentar o que já foi feito e jogar alguma coisa para frente”, mas “só se consegue ser moderno quem já ouviu a tradição”; na verdade “acho que tudo é feito com um pé no passado, outro no presente e a cabeça no futuro”, afirma.

Franklin da Flauta pensa que “modificação sempre houve e sempre vai haver”, porém “inovar demais é arriscado”, pois “a música é a arte da surpresa e da expectativa”. Carlos Malta defende a possibilidade de “criar música de qualidade no sentido tradicional, mas com janelas e portas abertas a um novo tipo de harmonia, de melodia, um novo gosto da mesma coisa”. Leonardo Mirando dá uma definição concisa: “não dá para ser solto, sem conhecimento e não dá para dominar o conhecimento e ser fechado a informações”. 

A evolução do choro é nítida ao observarmos canções de Chiquinha, Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Altamiro Carrilho, Baden Powell, Hermeto, Sivuca, até os grupos contemporâneos. porque toda arte vivia se modifica com o tempo e novas experimentações, inclusive na maneira de executá-las, sem no entanto, perder contato com suas raízes. Essa é a principal lição deixada pelo livro de Julie, pelo qual ela passou a amar o Brasil como seu país e o choro com sua música, que quer divulgar o choro em todos os cantos do mundo. 

*Colaborador do Vermelho

Livro
Julie Koidin. Os Sorrisos do Choro: uma jornada musical através de caminhos cruzados. São Paulo, Choro Music, 2011.

Ato em defesa da liberdade inicia Encontro de Blogueiros


O 3o Encontro Nacional de Blogueiros começou nesta sexta-feira (25), em Salvador (BA), com um grande ato político em defesa da blogosfera e da liberdade de expressão. Diversos parlamentares, jornalistas, blogueiros e representantes de movimentos sociais falaram para mais de 200 pessoas no ato inaugural do evento.


Manoel Porto
 encontro de blogueiros
A luta pelo marco regulatório e pela liberdade de expressão são temas de debates no evento
Para o presidente do Barão de Itararé – uma das entidades que organizam o evento -, a blogosfera é um movimento amplo e plural, “que constrói a unidade na diversidade”. Ele justificou a escolha do tema do 3o BlogProg: “O mote do segundo Encontro foi a necessidade de democratizarmos a comunicação. Dessa vez, além de manter a luta pelo marco regulatório e pela liberdade de expressão, temos uma nova motivação. A blogosfera passou a incomodar”.

Segundo Borges, a grande mídia tem atacado diariamente a blogosfera, numa tentativa de estigmatizar e marginalizar a chamada mídia alternativa. “Além disso, há um crescente processo de judicialização da censura. Vários blogueiros são processados, numa tentativa de asfixiar a blogosfera”. Como exemplo, ele cita os casos mais emblemáticos, como os dos blogueiros Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. “Também estão ocorrendo ameaças e atos de violência, como o recente assassinato de um blogueiro no Maranhão”, diz.

Papel da blogosfera

Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), exaltou o papel que a blogosfera vem cumprindo no país. “É um momento muito significativo na produção de conhecimento e informação. Temos que valorizar o trabalho dos blogueiros”, afirma. Ele ainda avalia que estamos diante da “batalha pela superação do subdesenvolvimento brasileiro” e acrescenta que a ausência de regulação na comunicação é uma grave falha do sistema democrático brasileiro.

Representando o campo da Comunicação Pública, o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve, também participou da cerimônia. “A blogosfera atua como uma imprensa vigilante. Além de trazer novas informações e pontos de vista, ela também vigia os erros e a partidarização, às vezes excessiva, da grande imprensa”, opina.

Breve ainda celebrou a pluralidade do BlogProg: “Não há democracia que sobreviva sem que todos os segmentos da sociedade tenham o direito à informação e à expressão. Precisamos construir juntos a unidade na diversidade e a unidade da diversidade. A EBC está tentando construir isso na Comunicação Pública do país.”

Parlamentares e Lula

“Por vontade própria”, segundo Altamiro Borges e Tatiane Pires (blogueira do Rio Grande do Sul), o ex-presidente Lula enviou uma belíssima mensagem em vídeo. “O trabalho de vocês é muito importante. A Internet é um meio fundamental para garantir a liberdade de expressão, a diversidade de opinião e a construção da cidadania e participação na vida política do país”, afirmou.

Lula também fez coro à democratização da comunicação, defendendo, em sua mensagem, a construção do marco regulatório do setor. “A comunicação não pode estar concentrada na mão de tão poucas pessoas e em tão poucos lugares. Temos que ouvir as diversas opiniões do norte, do nordeste, da mulher, do negro, de todos os grupos. Vamos lutar juntos por um país mais justo e democrático também na área da comunicação”, acrescentou.

Antonio do Carmo, representante da Secretaria de Comunicação Social da Bahia, deu boas-vindas ao blogueiro. O estado que sedia o evento é o primeiro no país a ter um Conselho de Comunicação. “Apoiar o Encontro foi a expressão maior de todas as mudanças que vem ocorrendo na Bahia que, de cinco anos pra cá, vem respirando ventos democráticos”, diz.

No telão, o governador baiano Jaques Wagner – ausente por motivos de agenda -, enviou sua saudação. Ele afirmou que “as empresas de comunicação são um negócio, mas a informação de qualidade deve estar acima de interesses privados”. Encerrando a participação dos parlamentares, também estiveram presentes o deputado João Arruda (PMDB-PR), Renato Simões (PT) e Alice Portugal (PCdoB).

Movimentos sociais

Paulo Salvador, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e Emanoel Souza, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), falaram sobre a importância de levar as lutas dos ativistas digitais, principalmente a democratização da mídia, para os movimentos sociais. “Temos um empenho, enquanto Central, em tratar a Comunicação como um ponto estratégico”, afirma Salvador. Segundo ele, a efervescência desse debate em torno da mídia é irreversível. “Temos que lutar tanto pelo marco regulatório, quanto continuar fazendo a nossa própria mídia, no cotidiano”, avalia.

Por sua vez, Emanoel Souza ressaltou que o movimento social não é apenas “amigo da blogosfera”, mas “quer participar junto desse processo”. Sobre o processo de luta pela criação do Conselho de Comunicação da Bahia, Souza afirmou que a luta pela democratização da mídia tinha vários vieses no estado. “A união do movimento social, dos grupos minoritários e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) que nos permitiu dialogar e construir um movimento forte”, diz.

Encerramento do ato

Encerrando o ato, o jornalista Paulo Henrique Amorim, autor do Conversa Afiada, pediu a palavra e reafirmou o grande problema da perseguição aos blogueiros. Depois, conclamou os presentes a um deslocamento em massa à estátua de Castro Alvez, localizada no centro de Salvador. “Fui contido pelo bom senso dos meus companheiros”, brincou. Ele ainda declamou trechos do poema “Livro e a América”, composto por Castro Alves.

Por Felipe Bianchi, do blog do Barão de Itararé

quinta-feira, 24 de maio de 2012

4º ENCONTRO INTERNACIONAL DE AQUARELISTAS

Mauro Santayana: Dilma e a política externa soberana


Em todos os encontros internacionais, entre eles o de Cartagena de Índias, no mês passado, o Brasil vem reafirmando a independência em suas relações externas – depois da vergonhosa capitulação ocorrida durante o governo dos dois Fernandos, Collor e Cardoso. Política externa soberana não significa o jogo retórico de declarações agressivas, mas a exposição clara de uma atitude serena, e firme.


As relações entre os Estados nacionais são semelhantes às que se dão entre os vizinhos. O ideal é a amizade solidária, mas sem perder de vista o direito de cada uma das famílias a viver de acordo com suas ideias, suas regras próprias de conduta, e seus interesses privados. É assim que as visitas são recebidas em espaço próprio, com a família reunida, e a conversa gira em torno dos interesses gerais.

Nenhum visitante honrado dirá aos donos da casa como governar a sua família. Nas relações internacionais essa conduta era conhecida, até tempos recentes, como o princípio da autodeterminação dos povos e de não ingerência em seus assuntos internos.O ideal nas relações externas é o da universalidade. Devemos manter o diálogo diplomático com todos os países do mundo, mesmo que a sua política interna nos desagrade. 

Enquanto eles não prejudicarem os nossos interesses nem ofenderem a dignidade de nosso povo, não há por que cortar os contatos nem impedir os negócios de vantagens recíprocas. Essa universalidade, no entanto, não nos impede de ter laços mais fortes com um ou outro país, de manter alianças políticas e comerciais com determinadas nações ou conjuntos de nações. 

A política de alianças internacionais é tão antiga quanto as comunidades autônomas. Elas já existiam nas tribos pré-históricas, e sempre se fazem para a defesa ou para a conquista. Entre outras alianças de povos primitivos, que o Brasil conheceu de perto, temos a Confederação dos Tamoios – a tentativa, frustrada, da retomada, pelos índios brasileiros, de sua soberania sobre o território, com a expulsão dos portugueses. O erro político dos Tamoios foi buscar a aliança com os franceses, e não ampliar a confederação com outras nações autóctones – o que significaria apenas a troca de amos.De qualquer forma, os Tamoios – em tupi, os donos antigos do território – tiveram como resultado o abandono posterior da escravidão dos nativos.

O Brasil, naturalmente, está se compondo com a China, a Rússia, a Índia e a África do Sul, em aliança conhecida como Brics. Não é uma formação de caráter ideológico nem militar, mas organização de interesse econômico e de defesa da soberania de cada um deles. Como em todas as alianças, nessa incorrem riscos, mesmo porque o peso econômico e militar de seus membros é desigual.

Corre-se, entre outros riscos, o de deixarmos em segundo plano a aliança prioritária, com os nossos vizinhos da América do Sul. É preciso romper os tabus, que nos perseguem há mais de um século, e acelerar os entendimentos entre os que vivemos lado a lado e temos origem histórica comum. Mas – e essa tem sido a postura do governo, desde Lula – levamos em conta que o Brasil pode ter inimigos, mas não deseja ser inimigo de ninguém. Daí a correta posição da presidenta da República: defesa da economia nacional é uma coisa, protecionismo é outra.

É certo, no entanto, que, em alguns momentos, as duas ideias se justapõem. Entre a acusação de protecionismo e a de entreguismo, é preferível a primeira. Foi com o protecionismo de sua marinha mercante – assumida por Cromwell, em 1651, com o primeiro dos Navigation Acts – que a Inglaterra se tornou a grande potência imperial do século seguinte.Um país das dimensões do Brasil necessita do comércio internacional, mas a sua imensa potencialidade está dentro das próprias fronteiras. Está em seu povo, que deve ser protegido contra qualquer forma de domínio estrangeiro.

Publicado no Blog do Mauro Santayana

terça-feira, 22 de maio de 2012

Paulista da viola ao samba


Rosa Minine   

Compositor, cantor, instrumentista e pintor, Marco Antônio Villalba, o Passoca, apelido adquirido na infância, é um autêntico representante da cultura paulista da viola e do samba. Pesquisador e pensador da cultura nacional, tem reunido em sua discografia composições próprias, homenagens a música caipira tradicional e músicas inéditas de Adoniran Barbosa. Com mais de 30 anos de carreira, mantém-se firme na música cultural, sempre acrescentando uma poesia e um arranjo àquilo que já é bom.

Passoca nasceu em Santos, litoral de São Paulo, mudando-se ainda na infância para Ribeirão Pires, bem próxima da capital.
— Sou envolvido com música desde pequenino. Cheguei a pegar a antiga vitrola e os discos 78 rotações. Também peguei o final da boa época do rádio brasileiro e dos programas de auditórios que apresentavam musica de qualidade — conta Passoca.      
—iCom 12 anos comecei a aprender tocar violão e bateria. Era a época da Bossa Nova, do Brasil campeão do mundo, da arquitetura do Oscar Niemeyer, e dos festivais. Participei de muitos festivais de músicas na minha escola até terminar o antigo científico, ganhando alguns prêmios — lembra.
Desde a adolescência Passoca tocava em bailes e fazia suas primeiras composições, ainda sem intenção de estilo. Mas acabou ingressando na faculdade de arquitetura. Porém foi lá, tentando ser outra coisa, que começou a se tornar músico profissional.
Encontrei uns amigos na faculdade que tinham comigo a afinidade musical e formamos um conjunto, nos reunindo na faculdade e na república. Trocávamos idéias, fazíamos músicas e nos apresentávamos em alguns lugares, mas ainda sem compromisso, assim pelo prazer de tocar — relata.
— Apesar de não ter muitas intenções, o grupo acabou se apresentando bastante em São Paulo, e gravando um disco em 1974. Tínhamos uma fusão de influências da música popular brasileira. O que mais gostávamos de fazer era pegar a música regional paulista e acrescentar a ela as informações contemporâneas, juntando a viola, os violões, cavaquinhos, flautas, clarinetes, dando uma sonoridade muito bonita, que de certa forma, mantenho até hoje — acrescenta.
Passoca é um artista ligado à vanguarda paulistana, mas com um sentimento do mato, do interior. Costuma incluir elementos novos na música tradicional, mas sempre respeitando a obra original, mantendo a simplicidade e beleza poética e musical que tanto ama.
— Depois que o grupo se desfez, porque cada um preferiu seguir seu caminho, parti para minha carreira solo, e com a ajuda do Renato Teixeira, que me levou até a gravadora, gravei meu primeiro disco, Que Moda, 1979, com composições de estilo caipira e influências urbanas — diz.
Em 1982/83 gravou o Sonora Garoa. Depois fez trilhas sonoras, e viajou pela Europa apresentando-se em vários lugares, juntamente com outros artistas brasileiro. Em 1990 gravou o cd Sabiá no Galho.
— Fiz muitas apresentações em programas de televisão que valorizam nossa música, como o do Rolando Boldrin e da Inezita Barroso. Até hoje participo vez ou outra desses programas maravilhosos — comenta.
Em 1997 gravei uma antologia da música de viola Breve História da música caipira, com clássicos bem antigos, de artistas importantes como Raul Torres, João Pacífico, Alvarenga e Ranchinho, Laureano, entre outros. Em 2000 Passoca descobriu um material inédito de Adoniram Barbosa e gravou o cd Passoca canta inéditos de Adoniram Barbosa.
— Canto samba também, porque o paulista tem como característica gostar de viola e samba. Não é só a viola, como algumas pessoas pensam. Então, como sinto que represento o paulista na imenso universo brasileiro, desejei gravar Adoniram, que é um caipira no samba da terra da garoa — explica.
Posteriormente gravei um disco com obras de um   outro compositor muito importante no universo paulistano, este da música caipira, o João Pacífico. O trabalho mais recente de Passoca é o dvd Violeiros do Brasil, que faz parte de um projeto que já gerou um cd e um livro também. Passoca participa juntamente com Almir Sater, Ivan Villela, Tavinho Moura e outros nomes.
Apesar do grande talento, assim como todos os artistas que seguem o caminho da legítima música popular, Passoca não tem espaço na imprensa, mas mantém-se firme, com um trabalho de qualidade, em mais de 30 anos de carreira.  
— Costumo me apresentar em teatros, centros culturais, Sescs, e outros lugares que abrem espaço para minha música. Nunca toco em rodeios, por exemplo, porque são lugares de somente barulho. Um espaço para a música sertaneja comercial, o que não é a minha 'praia' — comenta.
— Trabalho com a cultura caipira, com o poeta, e formas de expressão ligadas ao popular cultural. Os violeiros são os cantadores. Nós temos nossa origem mais ligada a Idade Média, ao cantador, trovador, e continuamos mantendo essa tradição — defende.
— A música sertaneja comercial está mais próxima da balada. Artistas como Zezé Di Camargo e Luciano, e outros, estão mais ligados a história do Roberto Carlos. Nada de caipira, é outra coisa — explica.
Passoca concluiu a faculdade de arquitetura, mas nunca exerceu a profissão, dedicando somente a música e também a arte de pintar.
— Gosto de pintar e há muito me dedico também a essa arte. Tenho bastante coisa pronta, tanto que pretendo fazer uma exposição das minhas pinturas. Fazer um projeto integrado entre música e as pinturas, o que canto e o que   desenho. Faço a pintura brasileira, a pintura popular, bem coloridas, a paisagem — conta, acrescentando que também não para de compor.
— No momento estou trabalhando o projeto que é uma retomada do meu trabalho de compositor, depois desses últimos como intérprete. E tenho muito material novo para apresentar — avisa com alegria.

Pedro Boi do 'Agreste'


Rosa Minine   

Violonista, compositor, cantor e pesquisador de fatos verídicos de sua região, no norte das Minas Gerais, relacionado à luta pela terra, a guerra entre grileiros e posseiros, Pedro Boi transforma tudo isso em música, além das letras românticas, caipiras, o jeito simples de ser e dizer o que pensa. Aos 56 anos, esse mineiro é um dos artistas brasileiros que luta pela música da terra.

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Pedro Boi começou sua carreira em 1977, juntamente com seis companheiros que fizeram parte do lendário Grupo Agreste, quando alguns 'perdedores' de festivais da região resolveram se reunir para gravar suas músicas.

— Existia uma 'panelinha' de festival aqui, que sempre nos prejudicava. Vimos que o único jeito era formarmos um grupo e ganhar de outra forma um lugarzinho ao sol. Depois de passarmos um ano de ensaio nos arriscamos a fazer o primeiro show, a convite do presidente dos diretórios, na Faculdade de Medicina de Montes Claros. Com um auditório cheio fizemos a primeira apresentação, e quando fomos para a segunda, estava completamente lotado, porque os alunos que assistiram, espalharam para todo mundo — conta.

— Na época cantávamos canções de Luiz Gonzaga, da Banda de Pau e Corda, e outros, além das próprias. O nosso descobridor foi Téo Azevedo. Ele nos levou para São Paulo e ajudou a gravar o primeiro LP, ao lado do mestre Zé Coco do Riachão. E nessa estada por lá nos apresentamos no 'Som Brasil' e outros programas famosos, o que ajudou a dar uma decolada na nossa carreira não só para Minas, mas todo o Brasil — acrescenta.

Depois de quase sete anos o grupo gravou seu segundo LP, e depois disso encerrou atividades, porque somente Boi queria dedicar-se à música profissionalmente.

— Esse universo é instável e o pessoal queria ganhar dinheiro de forma segura, com um bom emprego. E cada um foi para um lado diferente. Atualmente faço um trabalho mesclado, um pouco do que fiz independente e para o Agreste, que não posso esquecer, por ter tido uma atuação muito forte, verdadeira — declara.

— Fizemos muitas pesquisas aqui por perto, descobrindo fatos lamentáveis, massacres que os camponeses sofreram na região, e resolvemos retratar isso em forma de música. Jaíba, é uma dessas, e fala de um episódio que aconteceu na cidade de Jaíba, aqui perto, que é um grande pólo de irrigação. A questão é que para se chegar a isso, existiu uma briga 'desgramada' entre grileiros e posseiros. Descobrimos que um dos autores dessas pendengas era um coronel da polícia daqui de Montes Claros. Ele tomava as terras dos mais pobres na força bruta, na base da bala e da faca — relata.

— Depois compusemos Cachoeirinha, falando de um episódio que aconteceu na cidade de Cachoeirinha, que hoje se chama Verdelândia. São casos parecidos sempre de luta do camponês para salvar suas terras, fonte do seu sustento. Aqui e em qualquer outra parte sempre tem o mais rico querendo levar vantagem, mudar a sua cerca, expandindo suas terras e apertando mais o pobre, e por aí vai — continua.

Entre essas músicas, algumas não foram gravadas devido ao fato de serem fortes demais.

— Tem uma que fala do seu Talurzinho, um camponês que resistiu bravamente à polícia, até que o prenderam e destruíram sua vida: deram-lhe choque elétrico, o castraram, até que morreu como mendigo aqui em Montes Claros, depois de ter perdido parte da memória e toda sua família. Ele tinha terras na região, que eram herança legítima, com documentação, mas os opressores não quiseram saber, as tomaram, e ainda fizeram toda essa maldade com ele. Pretendo gravar essa música, mas não sei quando — fala.

CORAÇÃO ESTRADEIRO

Pedro Boi, com toda dificuldade do cantor de música regional, tem conseguido seguir estrada e gravou dois discos.

— Coração Estradeiro, foi meu primeiro solo, e tem o mesmo nome de uma música que fiz com Braúna, e que é uma homenagem a mim (risos), fala da minha vida. O disco tem também mais uma porção de músicas boas. Depois gravei Passarinho, e agora estou próximo a fazer outro. Na verdade, Passarinho já tem sete anos, mas isso é normal para nós que gravamos independentes, até porque queremos fazer um trabalho de boa qualidade, uma letra bonita, poética, uma melodia rica, e bons músicos, e isso às vezes leva tempo quando não se tem capital — explica.

— Qualquer pessoa pode fazer um CD em um dia, usando só um computador e um teclado, só que descaracteriza a nossa música. Meu trabalho tem uma viola caipira, uma flauta transversal, uma flauta doce, um baixo acústico, um acordeon, porque queremos as coisas naturais, que não tire aquele empenho da roça — acrescenta.

— Entre as músicas que faço tem sempre um xote, porque gosto de colocar algo mais alegre no meu trabalho, tem também um lado romântico, e o ecológico que estamos sempre defendendo aqui. Toco uma viola caipira, um violão, de vez em quanto uma sanfona. Não costumo gravar música de domínio público por ter muito trabalho meu dentro das gavetas, e preciso desovar isso primeiro — diz.

As letras polêmicas, denunciando opressões sofridas pelo povo, continuam no repertorio de Boi, que não cessou de fazer suas pesquisas. Ele gosta de falar daquilo que faz parte da sua terra.

— Minhas músicas são músicas populares regionais, mas que ganham um corpo também fora daqui. Porém não tenho expectativas de 'sucesso', de milhões de discos vendidos, porque sei que a música cultural brasileira, não faz esse tal 'sucesso' na mídia — constata, acrescentando que os músicos da região, em sua maioria, mantêm trabalhos paralelos para conseguir sustentar a família, por ser praticamente impossível viver de cachês.

— Tenho ganhado meu pão diário, sustentado minha família, formado meus filhos, através da música, honestamente, mas também com a ajuda da minha esposa que trabalha muito como educadora, para me ajudar nas contas, e com o que rende o nosso barzinho, o 'Curralzin do Boi', aqui em Montes Claros, que além de me ajudar a sobreviver, é um espaço para os artistas regionais aparecerem, e também para mim é claro (risos) — declara sempre bem humorado.

— Lá não tocamos música 'sertaneja', aquela 'sertaneja' (risos), que agora virou até 'sertanejo universitário', nos causando vômitos. Imagina que piada macabra difícil de engolir. Primeiro vieram com um tal 'forró universitário', acharam bonito e agora é isso que querem fazer descer 'goela abaixo', mas não dá, porque não somos idiotas e nem bonecos. Gosto de chamar a atenção das pessoas para que elas não vivam como se estivéssemos em um paraíso musical, quando na verdade estamos mais ou menos perto é do inferno — continua.

— A coisa anda meio complicada, mas vamos alegrando as pessoas e sobrevivendo, tocando música de altíssima qualidade, no bar, em cidades históricas de Minas, e aqui pelas barrancas do rio São Francisco, onde sempre tem um lugarzinho querendo nos ouvir tocar — finaliza Boi.

Abertas inscrições para a pesquisa-ação “Plano Articulado para Cultura e Educação”



O Ministério da Cultura, empenhado na formulação uma política intersetorial que articule cultura e educação, firmou uma parceria com a Casa da Arte de Educar, para a realização de uma pesquisa-ação que auxilie na formulação de princípios capazes de orientar políticas de cultura voltadas para a educação. O objetivo é envolver professores, educadores populares, artistas e outros agentes da educação e da cultura na formação de um sistema educacional que integre as experiências de Educação Formal e as de Educação não Formal, realizadas por organizações da sociedade civil, bibliotecas e museus.
O primeiro seminário da pesquisa-ação acontecerá nos dias 14 e 15 de junho, no Centro de Formação Paulo Freire, no Recife, com apoio da Secretaria de Cultura de Pernambuco, da Secretaria de Educação de Pernambuco e da Prefeitura do Recife. As inscrições para participação na pesquisa-ação do projeto “Um Plano articulado para Cultura e Educação” estão abertas até o dia 27 de maio. Os interessados podem se inscrever pelo site www.artedeeducar.org.br, clicando no ícone “Um Plano articulado para Cultura e Educação” à direita da tela.
Todo o material apurado no projeto, que acontecerá nas cinco regiões brasileiras, dará origem a uma publicação, dois vídeos e uma plataforma digital que promoverá a mobilização dos setores através de Fóruns Virtuais, aproximando as práticas pedagógicas e culturais. Está prevista ainda a realização de encontros que permitirão estabelecer e articular ações integradas entre cultura e educação e servirão como formação continuada para professores e agentes culturais. Além de ser aplicado na capital pernambucana, o projeto deverá acontecer ainda nas cidades de Porto Velho (RO), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS).
Cultura e Educação: integrando políticas
Em dezembro de 2011 o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério da Educação (MEC) firmaram acordo de cooperação técnica com objetivo de desenvolver uma Política Nacional de Cultura para a Educação Básica, que promova o reconhecimento das artes como campo do conhecimento, e dos saberes culturais como elemento estratégico para a qualificação do processo cultural e educativo.
Esta parceria contemplará 15 mil escolas que fazem parte do Programa Mais Educação, política de educação integral do Ministério da Educação. Este ano, a Secretaria de Políticas Culturais/MinC e a Secretaria de Educação Básica/MEC estão implementando as seguintes ações: Edital Mais Cultura nas Escolas, que proporcionará o desenvolvimento de atividades culturais diversas com as escolas durante todo o ano letivo; 4 mil Agentes de Leitura atuando em escolas rurais com acesso á um acervo de 150 títulos nacionais; Cine-Educação em 2 mil escolas, disponibilizando 100 títulos da filmografia brasileira e com formação docente para a apropriação da linguagem audiovisual; incentivo à formação continuada de professores de artes; democratização do acesso a acervo de livros e outras mídias que tratem das Artes, através do Programa Nacional Biblioteca da Escola; mapeamento e georreferenciamento das escolas e dos espaços/projetos culturais do seu entorno e a realização de uma pesquisa que terá como foco metodologias que promovam a articulação entre cultura e educação.
Maiores informações sobre a parceria MinC e MEC: www.cultura.gov.br

Festa do Divino movimenta Costa Verde


FOTO: DIVULGAÇÃO
Festejos estão a todo vapor

PARATY

Segue até o próximo domingo a Festa do Divino. São dias de missas, ladainhas, leilões, rifas, bingos, bebidas, comidas e danças típicas, e shows musicais.
Ao longo dos séculos que o Divino vem mantendo o mesmo espírito comunitário, religioso e folclórico dos primeiros tempos. Alguns aspectos foram adaptados à realidade local como, por exemplo, a Folia do Divino, que foi suprimida: mas a festa se mantém imutável nos seus princípios básicos, como na distribuição de carnes aos pobres, comida ao povo e balas e doces às crianças: e os portugueses chamam de "vodos" do Divino.
Neste fim de semana no sábado de manha bem cedo, carne é distribuída aos pobres pelos festeiros exatamente como Dona Isabel fez 700 anos atrás. Ao meio dia, comida e bebida são distribuídos á população. De noite, na Matriz, um adolescente da comunidade é coroado Imperador do Divino, que assiste missa com seus vassalos e, logo após, recebe homenagens do lado de fora da igreja, com a apresentação da Dança das Fitas, do Xiba Cateretê, da Dança dos velhos e dos bonecos folclóricos de Paraty: o Boi, o Cavalinho, o Peneirinha e a Miota - ou Minhota, originária do Minho, em Portugal.
O Imperador preside as cerimônias de sua festa distribuindo lembranças e medalhas, soltando da cadeia um preso comum, como indulgência imperial, e recebe as homenagens das autoridades locais e as reverências de praxe. Na parte religiosa, preside às procissões e tem assento ao lado direito do altar, em trono ricamente ornado, ostentando as insígnias imperiais: coroa e cetro de prata. 
PROGRAMAÇÃO
Amanhã
19 horas: Saída das bandeiras da residência dos festeiros para apanhar a bandeira da promessa no bairro Patitiba
19h30min - Santa Missa Solene
22 horas: DJ Marino
Quarta-feira
9 horas: Saída das bandeiras da residência dos festeiros para apanhar a bandeira da promessa no bairro Chacara da Saúde
19h30min - Santa Missa Solene
22 horas-Show de Calouros Mirim (Marli)
Quinta-feira
19 horas: Saída das bandeiras da residência dos festeiros para apanhar a bandeira da promessa no bairro Parque Imperial
19h30min - Santa Missa Solene
22 horas: Show de Calouros Mirim (Marli)
Sexta-feira
19 horas: Saída das bandeiras da residência dos festeiros para apanhar a bandeira da promessa no bairro Chácara
19h30min - Santa Missa Solene
22 horas: Show Sacode a Poeira       
Sábado
7 horas: Distribuição de carnes
9 horas - Bando precatório pelas ruas da cidade
12 horas: Benção do almoço de confraternização do Espírito Santo
13 horas; Mini Gincana Infantil na Praça da matriz
19 horas: Saída das bandeiras da residência dos festeiros e continuação da procissão
19h30: Santa Missa, Ladainha e coroação do Imperador
21h30: Apresentações de Danças na Quadra da Matriz
22 horas: Show: Tributo a Legião 
Domingo de Pentecostes
6 horas - Alvorada festiva
8h30min: Canoa caiçara e luta canadense na Ponte do Pontal
9 horas: Transladação do Resplendor do Divino Espírito Santo da residência dos organizadores da festa, acompanhados pelo imperador e seus vassalos, para a Igreja Matriz
10 horas - Santa Missa cantada
12 horas: Libertação do preso na antiga cadeia
13 horas: Imperador distribui doces para as crianças na casa dos festeiros
15 horas: Pau de Sebo no estacionamento da praça
17 horas: Santa Missa de Ação de Graças, com procissão e anúncio dos novos festeiros de 2013
22 horas: Show com o Grupo Só Pra Contrariar

Novena da Festa do Divino de Angra
A Festa do Divino de Angra dos Reis já começou com novena na igreja Matriz, onde será realizada a cerimônia da entregue das bandeiras. O Menino Imperador, que neste ano será Guilherme Gullo Fonseca, também estará presente com todo o seu séquito. A parte cultural da festa vai movimentar a cidade, de 25 a 27 de maio.
O Menino Imperador Guilherme Gullo está radiante. Ele chega de barco ao Cais Estação Santa Luzia, na manhã de sexta-feira próxima, dia 25. Ele foi escolhido dentre diversos garotos que fazem a catequese, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, através de sorteio.
As ruas do Centro vão ficar todas enfeitadas com bandeirinhas nas cores vermelho e branco, assim como as igrejas e as janelas dos prédios municipais e moradias do Centro, com as bandeiras e os símbolos do Divino.
A história da festa sempre é contada através de uma exposição, que neste ano é denominada “O Pombo e o Divino”, e enfeita o salão da Casa Larangeira. A Festa do Divino de Angra, a cada ano que passa, está contando com mais apoio das comunidades religiosas dos bairros do Centro. Neste ano estarão ajudando a confeccionar as lembrancinhas do festejo, dentre diversas outras tarefas.